De repente estavas tão longe.Não sabia como quebrar o enorme muro que eu erguera pedra a pedra entre nós. De repente o teu olhar escondia-se atrás dos óculos escuros. De repente eu tinha-te ao alcance da minha mão e não sabia como chegar a ti. O Sol reflectia-se no teu cabelo e dava-lhe um tom de fúria. E eu tinha medo. Sentia-me tão pequeno perante o tamanho todo da tua personalidade, do teu querer, do teu saber sempre o que fazer e o que querer.
De repente pedi-te para mudar de mesa. O Sol parecia ter-se apagado ao teu redor e a tua luz ficou mais suave. Começaste a falar. Como numa despedida, fazias um resumo de tudo o que deixara de repente de ser nosso.
E de repente, sem eu saber como, as nossas mãos enlaçaram-se e os teus olhos falaram comigo e a tua voz envolveu-me e eu tive vontade de te abraçar e de me deixar envolver e de morrer de amor em ti. De repente. Não mais que de repente.
PTM
14 comentários:
Este teu post fez-me lembrar de algo.... mas gostei!
Jinhos
Lindo. Sentido. Morrer de amor em ti...Muito bonito.
Pecador
Gosto muito quando escreves assim...!
Directo, envolvente, apaixonado!
Agradou-me!
Beijo
Perfeito Pecador. Os pormenores todos!
Curvo-me como me curvei perante a Cleopatra!
O Pecador, a Cleopatra, a Ni, a Nuvem,e mais um ou outro, são do melhor que li...Por isso me curvo sempre perante vocês!
O meu respeito e a minha admiração para si!
Agradeço, porque mostra-me que tenho de caminhar muito.
ler-te é um acreditar que se pode amar, calculo que será uma honra ser-se amada assim, Confesso que até tive um cadinho de ciúme!!!
beijinho e bom Wk
Lindíssimo, pecador!
Com direito a lágrima no olho e tudo!
Beijos
LINDO!...
Soneto da separação
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Vinícius de Moraes
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Está excelente, o teu texto!
Quando o li a primeira vez (sim, já o li muitas vezes...) senti-lhe o gosto de Vinícius... e algo de Eugénio de Andrade... e algo de Nuno Júdice... e algo de tantos poetas que sentiram, num certo momento... «De repente, não mais que de repente»... o tal sopro fugaz da razão de viver.
«Valeu a pena?» - perguntou Pessoa na Mensagem. E respondeu... também... e tão bem! «Tudo vale a pena... se a alma não é pequena». E a tua é enorme... como uma linha de luz que pousa no horizonte.
Gosto de te ler.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
como gosto de te ler e parafraseando-te - BEM HAJAS :)
e já embarquei no teu desafio... para quem sabe fazer associação de palavras... bom... é melhor pensar que esses não andam aqui nos blogs ::))
Tudo faz sentido.
No fundo revi algo nas tuas palavras.
Beijos
Sem pecado...
Ler este texto...fez-me recuar uns tempos, na memória de tempos bons da minha vida. É um "feeling" ...onde é que já vivi este momento...???
Depois, leio os comentários. Sorrio, porque os "escritores" aqui presentes...são o "perfume da escrita"...a "nata do sabor do pensamento". Enfim, cerejas carnudas...até cair.
Neste momento, interrogo-me se o meu "simples" comentário poderá estar nesta galeria de excelência "pauta mágica" de sons sonhadores?
Posso! E posso dizer, que foi o
pretexto-clássico, para me juntar ao clube.
Gostei do teu Blog, que já tinha corrido amiúde, só hoje me atrevi a comentar. Voltarei.
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