
Não sei porque te desafiei. Irónico e convencido de que ganharia a partida. Entalado entre o tempo e a tua resposta lá me vi arrastado por ti para um canto à luz das velas onde mais ninguém senão nós existia.
Escolhido a dedo por entre os dedos. Uns sem anéis os outros com marcas.
Não sei porque te desafiei.
Irónico e convencido de que ganhava a partida.
Escolheste o local. Com a perfeição de uma feiticeira que sabe o que vai dizer, até onde me vai levar.
Arrastei-me pelo nó da gravata e sentei-me à frente do teu sorriso.
Queria fugir e queria ficar ali, cair-te aos pés e morrer nos teus joelhos.
Tinhas pensado tudo , ainda sabias tudo de mim.
Arranquei como um carro que sabe que tem pouca bateria e lancei-te acima o que fui buscar a um bolso roto que encontrei no casaco, uma história seca e sem cor, uma meia mentira por amor.
O teu olhar engoliu em seco mas enfeitiçou-me e perdi-me de raiva de vacilar.
Disseste-me as verdades transparentes. Tão diferentes das mentiras que te lançara entre verdades esfarrapadas.
As verdades que pendiam sobre o teu peito e dentro do teu peito.
Então rendi-me. Todas as lembranças, todas as imagens, todos os beijos, todos os sonhos, todos os desejos, ofereci-te-os por entre vinho branco e uma carne qualquer que não combinava com o vinho, mas que escolhi só porque tu gostas.
Os teus dedos, o teu pescoço, a tua boca, e eu perdido entre a luz das velas e a vontade de ficar.
Estonteado de tanto espaço à volta sem gente. Cheio de ti e de mim, sem espaços abertos para mais ninguém.
A fruta polvilhada de beijos que eu queria dar na tua boca e a tua boca cheia de dentes brancos de passado e presente e quem sabe um futuro que quero contigo.
Depois o frio à noite que fugiu para o rio e o calor das rosas à venda de três em três passos que não compro porque tenho os braços tolhidos pela vontade de te abraçar...
AMO-TE!
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PTM