segunda-feira, 19 de outubro de 2009

sábado, 3 de outubro de 2009

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Vou de férias por não saber que fazer

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Hoje de manhã saí muito cedo
Hoje de manhã saí muito cedo,
Por ter acordado ainda mais cedo
E não ter nada que quisesse fazer.
Não sabia que caminho tomar
Mas o vento soprava forte, varria para um lado,
E segui o caminho para onde o vento me soprava nas costas.
Assim tem sido sempre a minha vida, e
Assim quero que possa ser sempre --
Vou onde o vento me leva e não me
Sinto pensar.

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Alberto Caeiro

sábado, 26 de setembro de 2009

Timing

Diego de Luca- La ausencia de tu amor




Não é o corpo, não, que o corpo ainda
responde ao que lhe pede o coração,
mas uma dor profunda que não finda
e que é toda silêncio e solidão.
Como se andasse a alma desavinda
do mundo que lhe coube, esta prisão
feita de nervos, ossos e tendões,
porém exposta ao furor das emoções.


Torquato da Luz

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Só eu não falei dele.



Chegou por estes dias e eu não falei dele. Talvez porque habitamos o mesmo tempo. O tempo dos dias que passam cavalgados na saudade, o tempo dos vermelhos acesos nos olhos porque a tua presença não é minha. O tempo das pequenas gotas de chuva que são lágrimas e que tu não enxugas.


Ele chegou. Falaram e escreveram sobre ele. Até poemas lhe fizeram e, apesar de habitarmos o mesmo espaço e, de as nossas paredes serem as mesmas, as da nostalgia, a mim ninguém lembra nem escreve pedaços, nem que fossem só pedaços de uma alma qualquer, daquelas que se encontram pela rua quando pouco a pouco se manifesta o nascer do dia.

Só eu não falei dele porque lhe conheço os dedos frios e os ombros cansados.

Conheço-lhe a dor funda no peito e a saudade que lhe morre na voz.

Conheço-lhe o olhar cansado da espera, perdido nas longas noites à beira de um livro que não lê.

Só eu não falei dele porque habito com ele.


-

PTM

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Desafio no OLHAR DIREITO


Não seja por isso Cleo...Respondi a um desafio da Cleopatra No Blog OLHAR DIREITO.

Aqui vai o que lá deixei:



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Recebi a tua carta ainda a pingar tinta azeda, como quem ralha por raiva de não poder deitar fora o que nunca deixará de ser.
Acreditava na globalização sim, e fiz dela a bandeira de um futuro melhor para o Mundo.
Um dia, atiraste-me à cara que a globalização era um jogo de interesses maléficos económicos e politicos, e que criava cada vez menos igualdade.
Na sede de ser chefe fechei todas as portas com as trancas da indiferença e da certeza de ter cetezas.
Hoje já não sei o que é certo Tu sabes?

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

deita-te comigo















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Entre os teus lábios
é que a loucura acode,
desce à garganta,
invade a água.

No teu peito
é que o pólen do fogo
se junta à nascente,
alastra na sombra.



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Nos teus flancos
é que a fonte começa
a ser rio de abelhas,
rumor de tigre.

Da cintura aos joelhos
é que a areia queima,
o sol é secreto,
cego o silêncio.

Deita-te comigo.
Ilumina meus vidros.
Entre lábios e lábios
toda a música é minha.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Estrela da Tarde

Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia

Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia

Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza

(...)

Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto

Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto!


José Carlos Ary dos Santos

domingo, 2 de agosto de 2009

À minha.........

Photobucket
Um brinde
À agonia sobre-humana
Da aceitação da tristeza
Da procura às cegas
Da fluência convulsiva
Do gosto obsessivo
Da razão atípica
De crueldade horrendas
Sobriedade extrema
Desespero metafísico
Angústia maldita
Bendito o desassossego
que efetiva a vida!
Suyan Melo

quarta-feira, 29 de julho de 2009



Eu cruzo a noite pra te ver
não vejo a hora de te envolver
com tudo que eu tenho pra falar
É minha, a luz na escuridão
nos cruzamentos, toda atenção
e agora o carro cisma de enguiçar

Já não sei de nada, mas você é tudo
e me deixou a fim de vez
tiros na calçada, e no telefone, alguém me diz:
- Por favor, tente outra vez

Eu ia te contar tudo que sinto há tanto tempo
se é miragem, você vai dizer
Irá se revelar um mar de sentimentos
Ainda hoje eu vou te ver
Eu ia te contar tudo que sinto há tanto tempo
Tô a dez minutos de você
Irá se revelar um mar de sentimentos
Ainda hoje eu vou te ver

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Não sabem nem sonham



"Aqueles que me têm muito amor
Não sabem o que sinto e o que sou...
Não sabem que passou, um dia, a Dor
À minha porta e, nesse dia, entrou.

E é desde então que eu sinto este pavor,
Este frio que anda em mim, e que gelou
O que de bom me deu Nosso Senhor!
Se eu nem sei por onde ando e onde vou!!

Sinto os passos de Dor, essa cadência
Que é já tortura infinda, que é demência!
Que é já vontade doida de gritar!

E é sempre a mesma mágoa, o mesmo tédio,
A mesma angústia funda, sem remédio,
Andando atrás de mim, sem me largar!"



Florbela Espanca

sábado, 25 de julho de 2009

Morro-me em ti


Vivo ou sobrevivo?

Reajo por impulsos.

Quero-te e logo a seguir temo-te.

Mimo-te e magou-o-te


Entristeço-te
Perco-te
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AMO_TE
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Morro-me__________________

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Três vezes te neguei e chorei e morri
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terça-feira, 21 de julho de 2009

Tu e a tua dança de seda

"my "thing"" por Mariah Tangney
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É como se tu dançasses para mim.


Imagino-te pintura, passo de dança,


Um traço a pincel no meu rosto,


A tinta espalhada nas minhas mãos.


E depois tudo é seda.


Tudo é toque.


Tudo é o teu aroma e a tua suavidade


As sapatilhas que deixas caídas na memória ainda têm o ritmo dos teus passos


No meu sorriso


Ainda sinto a seda da tua pele nos meus braços


E na minha boca a cor vermelha do teu beijo



PTM

quinta-feira, 9 de julho de 2009

DESAFIO AQUI e AQUI




"Toda a manhã procurei uma sílaba."
Nem entre os papéis a encontrei.
Nem entre os teus dedos.
Nem no olhar da rapariga que me traz o correio.
Nem no gesto da rapariga do café.
Nem no grito da mulher que apregoava não sei o quê pela rua.
Toda amanhã procurei uma sílaba.
Encontra-la por mim?
E para MIM?


PTM

segunda-feira, 29 de junho de 2009

domingo, 28 de junho de 2009

Espera




Esperar ou vir esperar querer ou vir querer-te
vou perdendo a noção desta subtileza.
Aqui chegado até eu venho ver se me apareço
e o fato com que virei preocupa-me, pois chove miudinho

Muita vez vim esperar-te e não houve chegada
De outras, esperei-me eu e não apareci
embora bem procurado entre os mais que passavam.
Se algum de nós vier hoje é já bastante
como comboio e como subtileza
Que dê o nome e espere. Talvez apareça."

Mário Cesariny

sábado, 30 de maio de 2009

Estilhaçar a memória


Já não posso dizer que te amo sem saberem que te amo.

Descobriram o meu segredo

Enquanto o sofria calado ninguém se importava com isso.

Nem com o meu silêncio nem com o meu olhar parado.

Vazio e abandonado vagueva por aí, aos encontrões com a saudade e o frio que o peito cava nas horas amargas.

Há homens que entretanto se apaixonaram com a força que eu já conheci e me fez feliz.

Agora rio-me como se fosse alegre e expiro e inspiro ar, fingindo que sou feliz.

Meu amor de rosto ausente de sentires profundos e verdadeiros, meu amor sempre presente e que não tenho aqui.

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Há manhãs que não quero acordar para não ver os dias de sol. Eles trazem-me a tua presença nos dias em que eram claras as madrugadas e o meu peito urgia pela tua voz e o meu olhar pelo teu.
Há tardes que quero que acabem rápido para mergulhar no peso das pálpebras que obrigo a fecharem-se, para esquecer que te perdi.
Perdi as asas.

Aquelas que me deste e me fizeram partir em direcção ao sonho.

Perdi-as à força de tanto teimar fazer-te sonhar um sonho que fosse só meu .

A calamidade não é só global, é minha e vai -me destruindo até ao caos de uma camada de ozono sufocada e cinzenta, esquelética e inexorável.
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Um dia subo ao ponto mais alto da imaginação e atiro-me dela abaixo.

À força de querer esquecer-te, hei-de estilhaçar em cristais a memória .
PTM


terça-feira, 12 de maio de 2009

"Carta Para Além do Muro..."


"Eu preciso muito muito de você, eu quero muito muito você aqui de vez em quando, nem que seja muito de vez em quando, você nem precisa trazer maçãs, nem perguntar se estou melhor, você não precisa trazer nada, só você mesmo. Você nem precisa dizer alguma coisa no telefone, basta ligar e eu fico ouvindo o seu silêncio, juro como não peço mais que o seu silêncio do outro lado da linha ou do outro lado da porta ou do outro lado do muro."

("Carta Para Além do Muro", Caio Fernando Abreu)

sexta-feira, 1 de maio de 2009

sábado, 18 de abril de 2009

Carta nocturna


Ignoras-me.
Apagaste-me como a um traçado riscado de uma folha amarrotada.
Por vezes, sinto-te na tua ausência, como se a tua pele chamasse a minha, de noite,... enquanto chove lá fora.
Acordo pela madrugada e são os teus olhos que vejo nos meus.
Por vezes, oiço o teu sorriso pelas paredes do quarto.
Mas, o teu aroma evaporou-se. _______________
Queria ser o teu principe encantado mas, não passo de um patinho feio.
Podia a nossa história ser a do lago dos cisnes.
É nisto que penso quando durmo acordado.
Nisto e, em histórias que não me contaram em pequeno.
Há dias, tive um impulso que não controlei e procurei despertar-te para mim.
Nem o sorriso encontrei, o teu riso não se ouviu e penso que dormias, bem longe, noutro hemisfério.
Dizem que as almas que se amam comunicam telepáticamente.
Acho que te apareço em sonhos porque, de noite falo muito contigo.
Acordo frio de tanta insónia.
Acho que um dia acordarei morto. Aí, vou transportar o meu corpo etéreo para o teu lado e dormirei sempre na tua mão.

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PTM

segunda-feira, 23 de março de 2009

Já não sei de mim.
Mas alguém saberá de mim?!
Perdi-me numa esquina, numa curva que não se desfaz.
Não consigo fugir dela.
Todo o meu percurso é em curva como se não houvesse outro caminho, uma seta que me aponte a direcção, um mapa, um GPS, qualquer coisa que me puxe para fora da força centrífuga que me engole.
Sei que ainda não me despistei, sei que ainda não estou morto porque me doi a alma toda.
Mas, nem o rosto que vejo no espelho reconheço.
Tem uma sombra por detrás.
Mas não é o teu cabelo, nem o teu olhar.
Há uma música de fundo que não identifico como nos pesadelos.
Já pensei que estava louco ou que os cigarros que compro não têm nicotina mas. outra coisa qualquer que alguém. para me confundir. lá colocou. Como se eu fosse um correio de droga.
O médico disse-me que preciso dormir. Mas, acordo sempre com o mesmo sonho e adormeço sempre com ele.

Perdi-me de mim mesmo.
Já não sei de mim.
Onde andas para me encontrares?

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PTM

segunda-feira, 9 de março de 2009

Tempestade sem retorno


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Um gajo quando se passa , perde-se.

Se te disser que me passei, acreditas?
Mas é verdade. Passei-me.

E um gajo quando se passa perde-se mesmo. Embarca em um qualquer navio que passe no porto e inicia uma viagem longa.
Não sei se a minha tem retorno.

Se te contassse o que de há 3 anos me acontece e a viagem em que embarquei há tempos.
Se te contasse, dizias-me moribundo e cadáver de uma vida que nunca quis para mim mas é minha agora.

Há ventos no cais, sinto que por vezes a tua mão me acena e o teu sorriso me diz:- Volta!
Mas eu embarquei no primeiro barco que passou no porto. Ainda tentei desembarcar, uma vez ou outra mas, um homem quando se passa perde-se.

Já dei por mim embriagado de desgosto.
Nem tento estender a mão com medo de não encontrar a tua.

O homem do leme tem cabelos ruivos (agora pintou-os de ruivo) e, há noites que a lua parece um pesadelo como no Painel de José Régio.
Não sei se o barco tem bússula mas, sei que perdi o teu destino.

Um gajo quando se passa perde-se.
Queres mandar um barco à procura do meu Mar?
Achas que me encontras na bruma do teu esquecimento?
Amarar nos teus braços era um sonho que não posso ter neste momento.

Se o meu barco adornar e eu morrer no meio das algas, é porque me perdi e o timoneiro de cabelos ruivos como as noites de pesadelo, me arrastou para o fundo do Mar.

Ainda há sereias nos meus ouvidos,
mas nenhuma é a tua voz e nenhuma tem o teu magnifico Olhar.



PTM

sábado, 21 de fevereiro de 2009

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

"Duma Carta"

Começou por ser um comentário lá no blog Clepatramoon depois, passou a vontade de escrever aqui de novo. Uma vontade que já vinha perdendo.










Escrevias-me a miúde, e eu que comecei a fazê-lo quando um dia te perguntei se querias que o fizesse.


Tinha-te pedido que me escrevesses e tu tinha-lo feito em livro.
Depois a cada canto, a cada viagem, a cada quarto de hotel comecei a escrever-te.
A contar-te de mim e de mim por ti.
Fiquei preso à tua sedução e tu à sedução da minha escrita.
Talvez porque como podes ler na Visão desta semana, a sedução da escrita vem de longe e perdura.
Talvez porque escrever para ti era ter-te e sonhar-te e ouvir-te e ver-te e sentir-te.
Como se ao escrever-te fizesse amor contigo.
Como se à noite naquelas camas frias de hotel , ao escrever-te fizesse a magia de transformar as letras e as palavras no calor do teu corpo, ao qual, depois de cansado assinar as cartas, me abraçava para dormir.




De repente a tua escrita foi-se e ficou-me a dor da tua falta.
Davas-te em tudo o que escrevias, aí eras transparente e eu sabia que tudo era meu.
É por detrás do silêncio das palavras escritas que te escondes e me castigas.
Um dia o Adeus vai chegar num comboio à velocidade tempo que já existiu e nem vai perguntar pelas cartas que me escrevestes.
Nessa altura eu estarei a dormir ao lado da espera e talvez morto pelo sono de te sonhar e não te ter.


-


PTM

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Amar-te





















Este inferno de amar - como eu amo!
Quem mo pôs aqui n'alma... quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida - e que a vida destrói -
Como é que se veio a atear,
Quando - ai quando se há-de ela apagar?

Eu não sei, não me lembra: o passado,
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez... - foi um sonho -
Em que paz tão serena a dormi!
Oh! que doce era aquele sonhar...
Quem me veio, ai de mim! despertar?

Só me lembra que um dia formoso
Eu passei... dava o Sol tanta luz
E os meus olhos, que vagos giravam,
Em seus olhos ardentes os pus.
Que fez ela? eu que fiz? - Não no sei;
Mas nessa hora a viver comecei..


[ Almeida Garrett, Folhas caídas ]

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009





















"Não sei de amor senão o amor perdido
o amor que só se tem de nunca o ter
procuro em cada corpo o nunca tido
e é esse que não pára de doer.
Não sei de amor senão o amor ferido
de tanto te encontrar e te perder.

Não sei de amor senão o não ter tido
teu corpo que não cesso de perder
nem de outro modo sei se tem sentido
este amor que só vive de não ter
o teu corpo que é meu porque perdido
não sei de amor senão esse doer.

Não sei de amor senão esse perder
teu corpo tão sem ti e nunca tido
para sempre só meu de nunca o ter
teu corpo que me dói no corpo ferido
onde não deixou nunca de doer
não sei de amor senão o amor perdido.

Não sei de amor senão o sem sentido
deste amor que não morre por morrer
o teu corpo tão nu nunca despido
o teu corpo tão vivo de o perder
neste amor que só é de não ter sido
não sei de amor senão esse não ter.

Não sei de amor senão o não haver
amor que dure mais do que o nunca tido.
Há um corpo que não pára de doer
só esse é que não morre de tão perdido
só esse é sempre meu de nunca o ser
não sei de amor senão o amor ferido.

Não sei de amor senão o tempo ido
em que amor era amor de puro arder
tudo passa mas não o não ter tido
o teu corpo de ser e de não ser
só esse meu por nunca ter ardido
não sei de amor senão esse perder.

Cintilante na noite um corpo ferido
só nele de o não ter tido eu hei-de arder
não sei de amor senão amor perdido."


Manuel Alegre