sábado, 30 de maio de 2009

Estilhaçar a memória


Já não posso dizer que te amo sem saberem que te amo.

Descobriram o meu segredo

Enquanto o sofria calado ninguém se importava com isso.

Nem com o meu silêncio nem com o meu olhar parado.

Vazio e abandonado vagueva por aí, aos encontrões com a saudade e o frio que o peito cava nas horas amargas.

Há homens que entretanto se apaixonaram com a força que eu já conheci e me fez feliz.

Agora rio-me como se fosse alegre e expiro e inspiro ar, fingindo que sou feliz.

Meu amor de rosto ausente de sentires profundos e verdadeiros, meu amor sempre presente e que não tenho aqui.

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Há manhãs que não quero acordar para não ver os dias de sol. Eles trazem-me a tua presença nos dias em que eram claras as madrugadas e o meu peito urgia pela tua voz e o meu olhar pelo teu.
Há tardes que quero que acabem rápido para mergulhar no peso das pálpebras que obrigo a fecharem-se, para esquecer que te perdi.
Perdi as asas.

Aquelas que me deste e me fizeram partir em direcção ao sonho.

Perdi-as à força de tanto teimar fazer-te sonhar um sonho que fosse só meu .

A calamidade não é só global, é minha e vai -me destruindo até ao caos de uma camada de ozono sufocada e cinzenta, esquelética e inexorável.
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Um dia subo ao ponto mais alto da imaginação e atiro-me dela abaixo.

À força de querer esquecer-te, hei-de estilhaçar em cristais a memória .
PTM


terça-feira, 12 de maio de 2009

"Carta Para Além do Muro..."


"Eu preciso muito muito de você, eu quero muito muito você aqui de vez em quando, nem que seja muito de vez em quando, você nem precisa trazer maçãs, nem perguntar se estou melhor, você não precisa trazer nada, só você mesmo. Você nem precisa dizer alguma coisa no telefone, basta ligar e eu fico ouvindo o seu silêncio, juro como não peço mais que o seu silêncio do outro lado da linha ou do outro lado da porta ou do outro lado do muro."

("Carta Para Além do Muro", Caio Fernando Abreu)

sexta-feira, 1 de maio de 2009