segunda-feira, 23 de março de 2009

Já não sei de mim.
Mas alguém saberá de mim?!
Perdi-me numa esquina, numa curva que não se desfaz.
Não consigo fugir dela.
Todo o meu percurso é em curva como se não houvesse outro caminho, uma seta que me aponte a direcção, um mapa, um GPS, qualquer coisa que me puxe para fora da força centrífuga que me engole.
Sei que ainda não me despistei, sei que ainda não estou morto porque me doi a alma toda.
Mas, nem o rosto que vejo no espelho reconheço.
Tem uma sombra por detrás.
Mas não é o teu cabelo, nem o teu olhar.
Há uma música de fundo que não identifico como nos pesadelos.
Já pensei que estava louco ou que os cigarros que compro não têm nicotina mas. outra coisa qualquer que alguém. para me confundir. lá colocou. Como se eu fosse um correio de droga.
O médico disse-me que preciso dormir. Mas, acordo sempre com o mesmo sonho e adormeço sempre com ele.

Perdi-me de mim mesmo.
Já não sei de mim.
Onde andas para me encontrares?

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PTM

segunda-feira, 9 de março de 2009

Tempestade sem retorno


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Um gajo quando se passa , perde-se.

Se te disser que me passei, acreditas?
Mas é verdade. Passei-me.

E um gajo quando se passa perde-se mesmo. Embarca em um qualquer navio que passe no porto e inicia uma viagem longa.
Não sei se a minha tem retorno.

Se te contassse o que de há 3 anos me acontece e a viagem em que embarquei há tempos.
Se te contasse, dizias-me moribundo e cadáver de uma vida que nunca quis para mim mas é minha agora.

Há ventos no cais, sinto que por vezes a tua mão me acena e o teu sorriso me diz:- Volta!
Mas eu embarquei no primeiro barco que passou no porto. Ainda tentei desembarcar, uma vez ou outra mas, um homem quando se passa perde-se.

Já dei por mim embriagado de desgosto.
Nem tento estender a mão com medo de não encontrar a tua.

O homem do leme tem cabelos ruivos (agora pintou-os de ruivo) e, há noites que a lua parece um pesadelo como no Painel de José Régio.
Não sei se o barco tem bússula mas, sei que perdi o teu destino.

Um gajo quando se passa perde-se.
Queres mandar um barco à procura do meu Mar?
Achas que me encontras na bruma do teu esquecimento?
Amarar nos teus braços era um sonho que não posso ter neste momento.

Se o meu barco adornar e eu morrer no meio das algas, é porque me perdi e o timoneiro de cabelos ruivos como as noites de pesadelo, me arrastou para o fundo do Mar.

Ainda há sereias nos meus ouvidos,
mas nenhuma é a tua voz e nenhuma tem o teu magnifico Olhar.



PTM