
Quase um poema de amor
Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor.
E é o que eu sei fazer com mais delicadeza!
A nossa natureza Lusitana
Tem essa humana Graça Feiticeira
De tornar de cristal
A mais sentimental
E baça Bebedeira.
Mas ou seja que vou envelhecendo
E ninguém me deseje apaixonado,
Ou que a antiga paixão
Me mantenha calado
O coração
Num íntimo pudor,
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Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor
MIGUEL TORGA
12 comentários:
Também me parece. Eu espero ansiosamente por ele.
mimo-te
É um dos poemas mais bonitos ou dos mais bonitos do Torga.
Engraçado, eu escolhi um,.. Alguém que comenta o meu blog outro que tu comentaste e tu, escolhest este.
Provavelmente cada um de nós escolhe aquele que mais lhe diz algo ao coração ou à alma...
Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor.
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Mas ou seja que vou envelhecendo
E ninguém me deseje apaixonado,
Ou que a antiga paixão
Me mantenha calado
O coração
Num íntimo pudor,
---
Alguém que te ame ou ama deseja-te sempre apaixonado.
EScreve-lhe um poema de amor.
Sem comentário...
.Não tenho mais palavras.
Gastei-as a negar-te...
(Só a negar-te eu pudesse combater
O terror de te ver
Em toda a parte.)
Fosse qual fosse o chão da caminhada,
Era certa a meu lado
A divina presença impertinente
Do teu vulto calado
E paciente...
E lutei, como luta um solitário
Quando alguém lhe perturba a solidão.
Fechado num ouriço de recusas,
Soltei a voz, arma que tu não usas,
Sempre silencioso na agressão.
Mas o tempo moeu na sua mó
O joio amargo do que te dizia...
Agora somos dois obstinados,
Mudos e malogrados,
Que apenas vão a par na teimosia.
Miguel Torga
Antologia Poética
Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1999
..
"Água, sal e vontade — a vida!
Azul — a cor do céu e da inocência.
Um lenço a colorir a despedida
Da galera da ausência...
Mar tenebroso!
Mar fechado e rugoso
Sobre um casto jardim adormecido!
Mar de medusas que ninguém semeia,
Criadas com mistério e com areia,
Perfeitas de beleza e de sentido!"
(Excerto, poema de Miguel Torga, in Odes,(1946)
Eu escolhi este...
Um abraço ;))
Escolhi este...
"Aqui diante de mim,
eu, pecador, me confesso
de ser assim como sou.
Me confesso o bom e o mau
que vão ao leme da nau
nesta deriva em que vou.
Me confesso
possesso
das virtudes teologais,
que são três,
e dos pecados mortais,
que são sete,
quando a terra não repete
que são mais.
Me confesso
o dono das minhas horas
O dos facadas cegas e raivosas,
e o das ternuras lúcidas e mansas.
E de ser de qualquer modo
andanças
do mesmo todo.
Me confesso de ser charco
e luar de charco, à mistura.
De ser a corda do arco
que atira setas acima
e abaixo da minha altura.
Me confesso de ser tudo
que possa nascer em mim.
De ter raízes no chão
desta minha condição.
Me confesso de Abel e de Caim.
Me confesso de ser Homem.
De ser um anjo caído
do tal céu que Deus governa;
de ser um monstro saído
do buraco mais fundo da caverna.
Me confesso de ser eu.
Eu, tal e qual como vim
para dizer que sou eu
aqui, diante de mim!"
Miguel Torga
Beijo
Azul
Olá!
O nosso mestre lançou um desafio, que eu decidi aceitar, escolhi-te por isso pfv passa no meu blog e bom trabalho.
mimos para ti
Ufff Pecador.Alguém aqui te ofereceu a redenção.
Me confesso de ser eu.
Eu, tal e qual como vim
para dizer que sou eu
aqui, diante de mim!"
Miguel Torga
Não resisti!
.. já nem sei esperar
o que sempre vem por engano...
Beijo e b domingo*
aH, gostei da foto.. ;)
Quanto à foto, algo me diz que a tua alma é igual à dele.
Belissima escolha e bonito tributo neste centenário do seu nascimento.
Um beijo
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